Helen Keller

Em toda a nossa vida aprendemos e colhemos muitas flores pelos jardins do conhecimento.

Esse conhecimento se inicia pela comunicação entre as pessoas através de cinco sentidos, especialmente pela visão, audição e a fala.

Se ficarmos um momento em silêncio total fechando bem os olhos, em pouco podemos pensar se SENTIMOS O QUE É O NADA? NADA VER E NADA OUVIR?

Agora imaginemos uma existência, uma vida inteira, sem ouvir qualquer som, nem mesmo de sua própria voz!

Agrave-se a isso a escuridão total. A cegueira total – Você ser cego e surdo! É uma desdita cruel e atroz. Nestas condições temos muitas pessoas vivendo na completa escuridão e no silêncio total. Sem estes dois sentidos podemos dizer que é impossível alguém aprender a se comunicar. Se nada vê e nada ouve como vai aprender ou transmitir?

No final do século dezenove, nos Estados Unidos, em 27 de junho de 1880, nascia Helen Keller e, com apenas 18 meses de idade, após uma febre, ficou cega, surda e muda, passando depois a se comunicar com o mundo exterior através de uma professora indicada por nada menos que Alexander Graham Bell. Um dia, professora e aluna passeando de mãos dadas pelos jardins da casa, onde havia uma bomba de água e Helen retraiu a mão ao molhá-la. Esse contato físico foi o cerne de seu aprendizado, sentindo a professora que este era o canal para a comunicação, pois transmitiu por toque em sua mão a palavra “w-a-t-e-r” no sinal dos surdos e mudos = LIBRAS e a inspiração desse contato passou a traduzir seus sentimentos.

Foi um raio de luz que atravessou a escuridão, a prisão silenciosa que envolvia aquela bela moça, que passou a se comunicar com o mundo. Sua existência tinha tudo para ser um drama, por ela revertido, passando a ter uma vida dinâmica e vibrante, repleta de conhecimentos e alegria. O que é para nós, um simples e rotineiro contato físico, para Helen Keller foi um grande feito, um salto maior que a conquista da lua.

Milhões de pessoas têm se aproveitado desse contato, dessa primeira comunicação entre uma surda e cega com sua professora.

Helen Keller cresceu em conhecimentos, técnicas e atividades graças aos esforços de sua professora Anne Sullivan, chegando em 1904 a graduar-se Bacharel em Filosofia pela Radcliffe College, instituição que a agraciou com o prêmio Aluno Destaque, nos cinqüenta anos de sua formatura.

Falava os idiomas francês, latim e alemão, tendo recebido muitos títulos e diplomas honorários como em Harward e universidades da Escócia, Alemanha, Índia e África do Sul. Em 1952 foi nomeada Cavaleiro da Legião de Honra da França. Até o Brasil a condecorou com a Ordem do Cruzeiro do Sul.

Muito escreveu Helen Keller sobre os problemas da cegueira. São livros incríveis e muito especiais. Há não muito tempo, a Revista Seleções reapresentou um de seus artigos, publicado há décadas: “TRÊS DIAS PARA VER”.

Ela escreve que seria uma bênção se, de repente, todo ser humano ficasse cego e surdo por alguns dias no princípio de sua vida adulta. Por quê? Pois assim as trevas o fariam apreciar mais a visão e o silêncio lhe ensinaria as alegrias do som.

Diz que perguntou a uma amiga ao voltar de um longo passeio pelo bosque o que havia observado? Recebeu como resposta... “Nada de especial”.

Impressionada com esta resposta ela pensou: “Como é possível caminhar durante uma hora pelos bosques e não ver nada digno de nota?”

“Se consigo ter tanto prazer com um simples toque, quanta beleza poderia ser revelada pela visão!” “Ver as pessoas cuja bondade e companhia fizeram minha vida valer a pena, pois não sei o que é olhar dentro do coração de um amigo pelas ‘janelas da alma’, os olhos.” “Sabe dizer qual a exata cor dos olhos de sua mulher e de seus filhos?” Discorre ela na felicidade que sentiria se pudesse ter o dom da visão por apenas três dias.

“Já o primeiro dia seria muito ocupado, pois reuniria os amigos e olharia para eles por muito tempo, imprimindo na mente as provas externas da beleza que existe dentro deles”. “Longos passeios para intoxicar os olhos com as belezas da natureza e rezaria pela glória de um por do sol colorido”.

“Ao amanhecer assistir ao empolgante milagre da noite se transformando em dia, contemplando o magnífico panorama da luz com que o sol desperta a terra adormecida”. “Ver as cenas de felicidade e de tristeza para descobrir como as pessoas vivem e trabalham e assim compreendê-las melhor”.

Sintam bem essas palavras. Quem diria que uma cega possa ter descrito o que gostaria de ver sem nunca ter visto nada? Sua sensibilidade interior era muito grande para perceber o quanto o mundo pode nos dar. Suas palavras ainda fazem um grande eco: “Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar".

Pediu constantemente às pessoas para que gozassem de todas as facetas do prazer e da beleza que o mundo revela pelos vários meios de contato que a natureza fornece: “Mas, de todos os sentidos, estou certa de que a visão deve ser o mais delicioso”.

E, essa sublime senhora se encaminhou para Chicago, em meados do ano de 1925, precisamente no dia 30 de junho, na Convenção Internacional de Ohio e inspirou aqueles primeiros Leões lhes propondo o engajamento numa campanha permanente de cura da cegueira reversível e oferecendo-se como modelo, e em seu discurso realizado perante aqueles primeiros Leões disse:

Eu sou a sua oportunidade. Estou batendo à sua porta. Quero ser adotada. Espero que vocês me adotem. Sou a mais jovem entre todos vocês e o que lhes ofereço é repleto de oportunidades extraordinárias de serviço humanitário.

Procure imaginar como cada um de vocês se sentiria se, de repente, ficasse cego hoje. Imaginem vocês tropeçando e andando às apalpadelas tanto durante o dia como à noite; o seu trabalho, a sua independência, tudo perdido. Neste mundo escuro não seria bom se um amigo pegasse a sua mão e dissesse: “Venha comigo e lhe ensinarei a como fazer as coisas que você fazia quando podia ver?” Contou como ela passou a viver melhor depois que aprendeu a se comunicar pelo contato através de sinais, feitos com os dedos de outro ou sentindo a vibração das cordas vocais e o movimento da língua de sua professora, dizendo que “um raio de luz de outra alma tocou a escuridão da minha mente e eu me encontrei, encontrei o mundo, encontrei Deus”.

“A oportunidade que trago para vocês, Leões, é a seguinte: Fomentar e patrocinar o trabalho da Fundação Americana para os Cegos. Vocês me ajudarão a chegar ao dia no qual não teremos mais cegueira evitável; no qual nenhuma criança surda ou cega ficará sem escola; no qual nenhum homem ou mulher cega ficará sem ajuda”?

“Apelo para vocês, Leões, vocês que gozam do precioso sentido da visão e da audição, vocês que são fortes, corajosos e bondosos. Vocês querem ser os Paladinos dos Cegos na cruzada contra a escuridão”?

Seu pedido para aqueles primeiros Leões inspirou a organização internacional a adotar o Programa Conservação da Visão e trabalho com deficientes visuais como uma de suas principais iniciativas de serviço. Aqueles Leões aceitaram este desafio. O programa Sight First para a cegueira reversível e os relacionados à audição são os mais importantes dessa Associação.

Muitos grandes exemplos temos em todo o mundo. Lembremos que apenas seis dólares são necessários para apadrinhar uma nova operação. É uma luta constante e motivada da LCIF – Lions Club International Foundation na luta contra a cegueira reversível.

Pensem nisso também! Não é apenas uma arenga enfadonha! É um exemplo a ser seguido!

CL Ireneo Valdir dos Santos – LC Porto Belo Costa Esmeralda – LD5 - Ireneo [ivsok@terra.com.br]