PRECE DE NATAL

SENHOR, perdoa aos que deste mundo de fraquezas e paixões ousam manchar com o pensamento a tua pureza. Os moldes da única eloqüência capaz de não te profanar quebraram-se com a última inspiração dos teus livros sagrados. Desde então, de cada vez que o homem se desengana do homem, e a alma precisa do ideal eterno, na melancolia das épocas agitadas e tenebrosas, diante da injustiça, ou da dúvida, da opressão, ou da miséria, é no cristal das tuas fontes que se vai saciar a nossa sede. Deixaste-as abertas na rocha da tua verdade, e há vinte séculos que brotam, com o mesmo frescor sempre das primeiras lágrimas daquela, cuja maternidade virginal desabrochava hoje na flor da redenção cristã.

Tamanha é a tua grandeza, que excede todas as do universo e da razão: o espaço, o tempo, o infinito. Do presépio Tu penetras no coração de todos com a doçura de uma carícia universal no sorriso de uma criança.

Enquanto César cuidava do império, e Roma do mundo, nascias tu no canto de uma província distante e na pobreza de um estábulo. Tiveste por berço as palhas de um curral. A última das mães sentir-se-ia humilhada, se houvesse de reclinar o fruto do seu ventre no humilde lugar, onde recebeste os primeiros carinhos da tua. Mas a manjedoura, onde abriste os olhos à primeira luz, recende até hoje o perfume da mais deslumbrante poesia, e o dia do teu natal fez-se para a cristandade o mais formoso dia. O dia que resplandece como o céu da manhã e o rosto das crianças.

Elas, de geração em geração, ficarão sabendo para todo sempre a história do teu nascimento. E nessas festas do seu contentamento e da sua inocência, tendes, ó Deus dos mansos e dos fracos, dos humildes e dos pequeninos, a parte mais límpida do teu culto, o raio mais meigo da tua influência benfazeja. Esses olhares infantis que estrelam de alegria as neves polares, orvalham de suave umidade os fulgores tropicais, estendem o firmamento debaixo dos nossos tetos, e dentro do nosso espírito mortificado, inquieto, triste, põe uma hora de alvorada feliz.

Cristo, como te sentimos bom, quando te vemos entre as crianças, e quando as crianças te encontram entre si. Despindo-te de tua majestade, para caberes num seio de mulher e no tamanho de um pequenino, assentaste sobre as almas um império sutil e irresistível, por onde a espontaneidade da nossa adoração continuamente se renova e embalsama nas origens da vida. Divinizando a infância, nascendo e florescendo como ela, deixaste à espécie humana a reminiscência mais amável e celeste da tua misericórdia para conosco.

Deus benigno e piedoso, em cada dia a partir de teu natal, doura o porvir com teu riso compassivo. Cura a nossa pátria da aridez de alma, que a mata, semeando a semente do servir nesta geração que desponta. Permite, enfim, que nossos filhos possam celebrar com os seus em dias mais ditosos a alegria eterna do teu natal.

Marco Antônio Struve.


A história do nascimento de Jesus

Roma era um grande império governado por César Augusto. Israel era governada pelo Rei Herodes, onde na Vila de Nazaré viviam José e Maria. José era um carpinteiro e Maria, sua jovem esposa, um dia disse-lhe que teve um sonho em que foi visitada por um anjo que lhe disse que ela teria sido a escolhida a carregar o filho de Deus em seu ventre, e seu nome seria Jesus. Maria foi escolhida por sua grande pureza de coração, e assim foi feito: o Espírito Santo soprou a semente divina e Maria, mesmo virgem, começou a carregar em seu ventre o menino Jesus.

Um dia, o imperador publicou a notícia de que todas as pessoas deviam registrar-se, para o pagamento de um novo imposto. Foram todos instruídos então a retornarem às suas cidades de origem, no que José e Maria voltaram à Belém. Maria, carregando em seu ventre o filho de Deus, e perto já do nascimento, montou em um burrinho, viajando por muitos dias, acompanhada por José.

Quando chegaram a Belém já era noite. Procuraram um lugar para descansar mas não havia nenhum quarto vazio quando chegaram à hospedaria. José comentou com o dono da hospedagem da situação de sua esposa, e este, com piedade, os indicou algumas cavernas nos montes próximos dali, onde os pastores criavam suas vacas e carneiros.

Assim, José e Maria subiram os montes e encontraram as cavernas. Lá chegando, José encontrou um bom lugar, limpou-o e fez uma cama de feno. E, na noite seguinte, Maria deu a luz ao seu filho, e deram-lhe o nome de Jesus, como o anjo assim tinha dito, no sonho de Maria.

Quando a criança nasceu, surgiu nos céus de Belém uma grande estrela que podia ser vista a milhas de distância. Um anjo então apareceu, sob uma luz brilhante, e disse:

"Não tenham medo!", disse o anjo, "eu lhes trago alegres notícias. Hoje, aqui em Belém, nasceu o salvador, o Senhor Cristo."

E este é um sinal para vocês. Encontrarão o menino envolvido em vestes brancas, em uma manjedoura. Repentinamente o céu ficou repleto de anjos, glorificando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade."

A estrela brilhou até Belém, até que os três reis do leste a vissem. Perceberam que era um sinal e seguiram a estrela. Viajaram montados em camelos por muitos dias, até finalmente chegarem a Belém.

Lá chegando, curvaram-se ante o menino Jesus e presentearam-no com ouro, mirra e incenso. Permaneceram a noite ali e no dia seguinte retornaram às suas terras para espalhar a grande notícia, da vinda do Messias.

Marco Antônio Struve